ARTISTA COM "A" MAIÚSCULO!
Músicos (leia-se cantores e instrumentistas). Por que geralmente somos conhecidos como os grosseiros, teimosos, irredutíveis, inacessíveis, e não pelas atitudes humildes, flexíveis, de serviço e entrega?
Em 1 Coríntios 12:7 Paulo está falando sobre dons e ministérios, onde nos encoraja a oferecermos o que temos para o bem comum da igreja. Em outras palavras, a igreja nos oferece a oportunidade de cumprirmos o mandamento bíblico de servir aos outros.
Mas, esse serviço ocorre de fato? Assim como Marcos Witt e Rory Noland afirmam, os traços de caráter mais difíceis de serem desenvolvidos são a humildade e serviço. Não é à toa que vemos músicos lutando por visibilidade, poder e posições. No decorrer da história a figura do artista sofreu alterações, o que contribuiu para que, cada vez mais, o artista servo desaparecesse e se distanciasse do modelo bíblico.
Antes de meados do séc. XIV (Renascimento) os artistas eram principalmente artesãos, sendo incluídos os músicos, carpinteiros, pedreiros, etc. Como qualquer outra profissão, os artistas eram “pessoas comuns” e normalmente anônimas; embora não recebessem honras e idolatria, que comumente é algo que ocorre muito hoje, eles não deixaram de produzir coisas maravilhosas. O escritor Rookmaaker diz, por exemplo, que é difícil não existir um folheto de uma cidade que não exiba os monumentos do passado com orgulho.
Anos mais tarde, em meados do séc. XIV, os artistas começaram a perder o anonimato e se tornaram heróis. A partir daí começamos a observar artistas italianos que se destacaram, como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, entre outros.
A partir do Romantismo, séc. XIX, o papel do artista atingiu seu ponto mais alto: “a arte com ‘A’ maiúsculo”. Os artistas agora eram considerados gênios, mais do que meros mortais, isto é, não eram desse mundo. Por esses motivos, seus comportamentos esquisitos, imorais e insensíveis, não eram apenas relevados, mas celebrados! Um exemplo disso é Beethoven – o musicólogo David Ewen afirmou que no auge de seu sucesso tornou-se cada vez mais irritadiço e desconfiado, porém, seus amigos e patrocinadores eram tolerantes e demonstravam disposição em ajudar no que fosse preciso, pois o reconheciam como gênio.
Como acontece nos dias atuais? Há uma lista enorme de artistas músicos que são idolatrados pela nossa sociedade, mesmo que pratiquem atos imorais e fora das leis, e sejam presunçosos. Além disso, esses artistas acabam exercendo uma influência forte na formação de opiniões – tudo porque são artistas.
Essa mentalidade e comportamento entraram nas igrejas, onde os músicos buscam a autopromoção e se sentem no direito de agirem como querem. Consequentemente, se torna custoso desenvolver aqueles traços de caráter antes citados: humildade e serviço. Também, a igreja acaba perdoando os músicos em suas dificuldades de caráter, simplesmente porque cantam ou tocam bem.
Jim Elliot, um grande missionário, escreveu a seguinte citação: “(…) Wagner pode ser lascivo como homem e ainda assim produzir boa música, mas isso não se pode aplicar a nenhum trabalho para Deus.”
Isso é uma chamada para que reflitamos no modelo bíblico de artista que Deus deseja que sejamos “assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir (…)”.
Todo o momento em que vier aquela voz do egocentrismo, deveríamos lembrar que Jesus viveu para servir. Os cânticos que entoamos, com propósito de levar a congregação ao louvor a Deus, pertencem a Deus e deve ser dado a Ele.
Se algum irmão chegar a nós e disser que foi impactado pelas canções que tocamos e cantamos, temos que agradecer ao Senhor essas palavras, primeiramente, sabendo que Ele é dono de toda a glória.
Minha oração é para que todo o pensamento errado de artista seja eliminado das nossas igrejas. Que cada um de nós comece a se entregar mais ao próximo e viva de acordo com o maior exemplo e modelo: Jesus, uma pessoa totalmente entregue aos outros. Apenas Cristo pode nos transformar à Sua imagem e caráter.